
No Brasil existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Porém, o número de cães-guia em relação ao de pessoas com deficiência visual é extremamente baixo: existem menos de 200 cães no Brasil.
Apesar de ser uma necessidade não atendida, a relação entre pessoas cegas ou pessoas com baixa visão e cães-guias não é novidade: o primeiro registro conhecido é uma gravura presente nas ruínas romanas do século I da cidade de Heculaneum, na Idade Média.
Mas, o que causa o número reduzido? A ausência da cultura do cão-guia, motivada por algumas questões como o baixo investimento para o treinamento dos animais, é o principal fator de contribuição para o índice, mas a complexidade da formação do animal também pode ser um agravante.
Em locais como Brasil, Estados Unidos e Europa, leis garantem o direito da pessoa com deficiência visual de ingressar e de permanecer com o cão em todos os meios de transporte e em estabelecimentos abertos ao público e de uso privados de uso coletivo- Lei Nº 11.126, de 27 de junho de 2005 – fato esse considerado um avanço, mas que ainda assim frequentemente se depara com a falta de conhecimento e cumprimento da legislação.
Extensão do próprio corpo, o cão-guia pode mudar a vida da pessoa com deficiência visual. Segundo Murilo, estudante de Direito e usuário de cão-guia treinado pelo Instituto Magnus, além de dar mais autonomia e segurança para circular pela cidade, o cão também melhora a autoestima “A gente se sente confiante, se sente seguro sabendo que o cão vai desviar de qualquer obstáculo”, afirma.
Como podemos mudar essa realidade?
A disseminação da informação é o primeiro passo. Com o conhecimento da causa, a sociedade fica mais preparada para receber o cão-guia, seja como família socializadora participando diretamente do treinamento do cão na fase de socialização ou passando a informação para que as pessoas com deficiência visual procurem pelo serviço de entidades especializadas.
O Instituto Magnus é uma das instituições brasileiras que desde 2016 treina e doa os cães-guias às pessoas com deficiência visual que se enquadram nos requisitos necessários. Para 2020, está prevista a entrega de mais 18 cães-guias e esse número tende a crescer, pois a capacidade do Centro de Treinamento é de entregar 60 cães por ano.
O treinamento do cão-guia é extenso e complexo, e o aumento constante da fila de espera da instituição só prova que a pessoa com deficiência visual está, cada vez mais, em busca de uma melhor qualidade de vida e independência, por isso, o Instituto Magnus trabalha constantemente para treinar os cães diminuir essa diferença alarmante no Brasil.
Sobre o Instituto Magnus
Localizado em Salto de Pirapora, interior de São Paulo, o Instituto Magnus é uma iniciativa sem fins lucrativos, gerido pela empresa Adimax Pet. O trabalho do Instituto é contribuir para a inclusão social através do cão-guia em diversas esferas da sociedade, por isso, além do treinamento e entrega dos cães, suas atividades também são palestras informativas e educativas, vivências, dinâmicas de grupos e ações de divulgação para conscientização e engajamento de pessoas para a causa.
Endereço: Estrada vicinal Antônio Militão, 122 – Parque Pirapora, Salto de Pirapora (SP).
Acesso: Pela Rodovia João Leme dos Santos, km 116, sentido Sorocaba a Salto de Pirapora.